A Falência das Alianças e a Superficialidade dos Tempos Atuais
A maioria das alianças hoje está falida porque as pessoas perderam a paciência. Não querem mais desfrutar de um processo duradouro, pois isso demanda tempo, energia e entrega. No mundo atual, como sempre existiu, mas falando especificamente de agora – porque é o tempo que vivemos –, a grande maioria das pessoas não tem disposição para fazer o que realmente precisa ser feito.
Elas estão cada vez mais voltadas para os próprios desejos, prazeres e vontades, sem perceber o impacto que isso gera em tudo e todos ao seu redor. Se olharmos para qualquer tipo de relacionamento – seja entre casais, filhos, parentes, amigos ou no trabalho –, encontrar fidelidade, lealdade, empatia e compaixão se tornou uma raridade. Essas virtudes estão em falta porque vivemos em uma geração onde o ego está completamente inflado. Tudo ao nosso redor alimenta o ego, e as decisões são tomadas com base apenas no agora, sem consideração pelas consequências, por menores que sejam.
O problema é que, ao agir pelo imediatismo, muitas vezes as pessoas não percebem que estão mergulhando em um ciclo que traz prejuízos silenciosos. Uma escolha impulsiva pode parecer insignificante no momento, mas, no longo prazo, pode ser a origem de inúmeros problemas. Isso porque a decisão correta muitas vezes exige uma renúncia temporária, e abrir mão do prazer momentâneo se tornou algo impensável para muitos.
Eu sempre digo: "Renúncias temporárias, prazeres eternos."
Mas quando não há renúncia e tudo é guiado pelo imediatismo, a consequência é a desconstrução. É por isso que as pessoas estão cada vez mais doentes – mentalmente, emocionalmente e fisicamente. Não apenas por conta das próprias decisões, mas também pelo impacto que essas escolhas geram no ambiente ao redor.
A profundidade nos relacionamentos perdeu a graça. Seja em projetos, parcerias ou qualquer outra área da vida, tudo foi manchado pela maldade do ser humano. As pessoas perderam a paciência, o interesse e a vontade de mergulhar naquilo que possuem. A sociedade está sendo educada a olhar para o que o outro tem, ao invés de valorizar o que já está em suas mãos. E enquanto olham para fora, o que possuem se perde.
A própria casa já não é suficiente, o próprio relacionamento parece insuficiente, os filhos, os familiares, o trabalho, os vizinhos, os animais – tudo se torna descartável. Porque o que vemos no outro, através da superficialidade das redes sociais, parece sempre mais interessante, mais bonito, mais prazeroso. A internet nos oferece recortes idealizados da vida alheia, e isso gera uma ilusão perigosa: a de que há sempre algo melhor do que aquilo que temos agora.
Hoje, as pessoas não têm mais paciência nem para conversar sobre assuntos profundos. Qualquer tentativa de diálogo mais sério é vista como chatice, briga ou problema. Poucos enxergam que conversas e alinhamentos profundos são, na verdade, sinais de alianças reais e maduras. Mas a busca desenfreada por rapidez moldou o comportamento da sociedade.
A própria internet prova isso com a redução do tempo dos vídeos e conteúdos. Estamos condicionados a consumir informações em velocidade extrema. E assim como perdemos paciência para assistir algo mais longo, também perdemos paciência com as pessoas. Tudo que exige mais de alguns minutos se torna cansativo – mas apenas quando não está ligado a prazeres momentâneos.
Ninguém se incomoda em passar horas em uma festa, assistindo a um jogo ou participando de conversas superficiais. Mas quando se trata de investir tempo em um projeto, cuidar de alguém, ouvir histórias ou se dedicar a algo que realmente importa, tudo se torna um peso.
E isso reflete na forma como tomamos decisões diárias. Pequenas escolhas feitas sem consciência estão afetando compromissos, relacionamentos, trabalho, projetos e valores. A humanidade está tão habituada ao imediatismo, à superficialidade e até mesmo à manipulação, que esses comportamentos passaram a ser normais.
O problema é que, sem perceber, estamos perdendo nossas raízes. Se compararmos com nossos antepassados, veremos que antes as pessoas deixavam legados, histórias, ensinamentos e valores. E hoje? Tudo muda constantemente. Nada é mantido até o fim. As palavras perdem seu peso, os compromissos se tornam descartáveis e as pessoas vivem como se pudessem trocar de vida a qualquer momento – como se tudo fosse uma roupa velha que pode ser substituída.
O resultado? Um vazio profundo. Uma falta de estrutura que gera danos cada vez maiores. Porque quanto mais nos afastamos das nossas raízes – seja de uma família, de um propósito, de uma missão –, mais vulneráveis ficamos.
O que deveria ser nosso lugar de evolução – nossa casa, nossos relacionamentos, nossa família – se tornou um palco de discórdia. Sem profundidade, sem compromisso, sem construção verdadeira, muitos vivem buscando fora aquilo que poderiam encontrar dentro.
E o convite que deixo é este: Quais decisões você tem tomado todos os dias que estão impedindo você de viver uma vida verdadeiramente extraordinária?
Reflita sobre isso.
Com amor e propósito,
Carol.
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